terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os Segredos dos Samurais - Ultima Parte

Criança samurai:
 Os filhos de samurais recebiam desde cedo uma educação apropriada à classe guerreira, que resumia-se em duas ordens de aprendizado: 01- Escrita chinesa e conhecimentos de clássicos japoneses e chineses. 02- Manejo de armas a partir dos 5 anos de idade; aprendendo a lidar com pequenos arcos e flechas, feitos a partir de finos pedaços de bambu, atirando contra alvos ou caças como veados e lebres, tudo sob orientação paterna. Treinavam também equitação, indispensável para um bom guerreiro.
 O samurai considerava como ponto de honra e regra geral, ele próprio educar os filhos (com a indispensável cooperação da esposa), empenhando-se no sentido de incluir nas suas almas os princípios de piedade filial, lealdade e devoção ao senhor, coragem e autodisciplina que os tornassem, por sua vez samurais dignos de levar o nome.
 A criança ingressava com a idade de 10 anos num mosteiro budista, onde permanecia durante 4 ou 5 anos, recebendo uma educação rigorosa e intensiva.
De manhã, lia-se o sutra e depois treinava-se caligrafia até o meio-dia. Após o almoço, o aluno ia às aulas de matérias gerais, seguidas de exercícios físicos. E finalmente, a noite normalmente era reservada para a poesia e música, os samurais apreciavam em particular a shakuhachi ou fue (flauta de bambu), como instrumento masculino.

Casamento samurai:
 Como regra geral o casamento era arranjado pelos pais, com o consentimento silencioso dos jovens. Mas, também não se descartava a hipótese dos próprios jovens arrumarem seus pretendentes. Na maioria dos casos segundo os velhos costumes, as preliminares eram confiadas a um (uma) intermediário(a).
 Nas famílias dos samurais, a monogamia tornou-se regra, mas no caso de esterilidade da mulher, o marido tinha o direito de possuir uma "segunda esposa" (como na aristocracia), pertencente à mesma classe ou de casta inferior.
 Mas depois no século XV, esse costume acabou-se, no caso do casal não ter filhos e assim sendo não possuir herdeiros, recorria-se ao processo de 'yôshi' (adoção) de um parente ou de um genro.
 Como norma geral o casamento constituía assunto estritamente familiar e se realizava dentro dos limites de uma mesma classe.
 Com tudo, os interesses políticos às vezes rompiam as barreiras dos laços familiares, transformando o matrimônio em assunto de estado.
 Na aristocracia existiu um famoso ocorrido, o caso da família Fujiwara que a fim de manter a hegemonia da família nas altas posições junto à corte: casou suas filhas com herdeiros do trono e outros membros da família imperial.
 De modo semelhante, chefes de clãs samurais promoviam políticas de alianças por meio de casamento, dando suas filhas em matrimônio a senhores vizinhos ou outras pessoas influentes.

A esposa de um samurai:
 Na classe samurai, mesmo não tendo uma autoridade absoluta, a mulher ocupava uma posição importante na família. Quase sempre dispunha de um controle total das finanças familiares, comandando os criados e cuidando da educação dos filhos e filhas (sob orientação do marido).
Comandavam também a cozinha e a costura de todos os membros da família. Tinham a importante missão de incutir na mente das crianças (meninos e meninas), os ideais da classe samurai que eram: não ter medo diante da morte; piedade filial; obediência e lealdade absoluta ao senhor; e também os princípios fundamentais do budismo e confucionismo.
 Com todas essas responsabilidades, a vida de esposa de um samurai não era nada invejável. Com muita freqüência, o samurai estava ausente prestando serviço militar ao seu senhor; e em tempo de guerra o samurai às vezes era forçado a defender seu lar, pois conforme os reveses da batalha poderiam virar alvo de ataques inimigos.
 Nessas ocasiões de perigo para a família, não era difícil a mulher combater ao lado do marido, usando de preferência a 'narigada' (alabarda), arma que aprendiam a manejar desde cedo.
Mesmo não tendo o refinamento das damas da nobreza, pela qual os samurais nutriam certo desprezo, a mulher samurai possuía conhecimentos dos clássicos chineses e sabia compor versos na língua de Yamato, ou seja, no japonês puro, usando 'kana'.
 As crônicas de guerra, como o 'Azuma Kagami', contam-nos que esposas de samurais lutavam na defesa de seus lares, empunhando alabarda, atirando com arco ou até acompanhando seus maridos nos campos de batalha. Essas mulheres demonstravam muita coragem ao enfrentarem o perigo sem medo.
Sem perder a feminilidade essas esposas, cuidavam de sua aparência vestiam-se com esmero; gostavam de manter a pele clara, usando batom e pintando os dentes de preto (tingir os dentes de preto era hábito de toda mulher casada), arrancavam a sobrancelha e cuidavam com muito carinho dos longos cabelos escuros.

Justiça samurai:
 Todo homem e toda mulher eram considerados responsáveis pelos seus atos, primeiramente em relação à sua família. Um chefe de família tinha o direito de impor castigo sobre sua família e servidores, não podendo, contudo aplicá-lo em público.
 O samurai obedecia na aplicação da justiça aos preceitos estabelecidos pelo Kamakura Bakufu, sobretudo contidos no Joei Shikimoku e no Einin-Tokusei-rei (1297 d.C.), ou seja, a lei da Benevolência ou ato de Graça da Era Einin.
 Quando um samurai cometia um grave delito no início dos tempos do regime feudal, não havia pena de morte, então o samurai cometia voluntariamente o 'sepukku'; mas já no século XVII, formalizou-se a pena de morte por meio do 'harakiri'.
 Após essas épocas o samurai era geralmente punido por meio do exílio a uma província longínqua, o que equivalia a transferir seus direitos e propriedades a um herdeiro. Ou ainda confiscar a metade de suas terras, ou bani-lo para fora de seu domínio, isso no caso de adultério. Os samurais não tinham direito de apelação, dependendo do julgamento e pena a que fossem submetidos.

A alimentação de um samurai:
 No início do período Kamakura, os samurais, tanto de alta como de baixa categoria, constituíam uma classe humilde que geralmente não conheciam os bons hábitos e maneiras refinadas da corte. Os samurais alimentavam-se da mesma maneira que os lavradores e estavam acostumados a uma vida vegetariana, espartana.
 Alguns episódios, referentes a refeições de samurais da época, são bastante convincentes ao retratar a frugalidade dos seus hábitos alimentícios; conta-se por exemplo, que num banquete de ano novo oferecido pelo importante membro da família Chiba, ao 'shogun' Yorimoto Minamoto, do clã dos Minamoto, o cardápio consistia apenas em um prato de arroz cozido acompanhado de saquê.
 Essa pobreza, aos poucos vai mudando e com o passar dos tempos à vida de um samurai vai ficando mais confortável. Contudo era muito raro, os samurais comerem arroz polido, que era reservado apenas para os dias de festa. Os samurais mais pobres não conseguiam ter o arroz à mesa todos os dias, tal como a maioria dos camponeses.
 Viviam principalmente de cevada, painço comum (milho miúdo) ou vermelho, e às vezes de uma mistura de arroz e cevada. A partir de 1382, após um longo período de estiagem, a fim de substituir outros cereais, os samurais começaram a desenvolver o cultivo da soba (trigo sarraceno) que então passou a suplementar o painço e a cevada na dieta da população mais pobre.
 Os samurais também caçavam e conservavam a carne da caça para o alimento: salgando-a ou secando-a, para sua melhor conservação.
Animais como o urso, 'tanuki' (texugo japonês), veado, lebre, etc, forneciam proteínas aos samurais, que comiam ainda diversos legumes e cogumelos. gostavam de mochi (bolo de arroz), sembei (bolacha de arroz), yakimochi (mochi assado), chimaki (bolinho de arroz enrolado em folha de bambu), etc. Peixes de água salgada ou doce, algas, frutos do mar, entravam igualmente no cardápio dos samurais.
 Até os tempos de Kamakura, a alimentação do samurai em batalha apresentava-se menos variada. A única recompensa por ele recebida, era o arroz e o principal problema consistia em como cozinhar o cereal, pois, o arroz cozido deteriorava-se rapidamente, principalmente no verão, o fato é que os samurais não levavam panela para a guerra.
 Um dos meios mais simples de cozinhar arroz consistia em embrulhar os grãos num pano após lavados em água corrente e enterra-los no chão. Sobre o mesmo chão acendia-se uma fogueira ou em último caso, o guerreiro comia o arroz cru; muitas vezes o samurai assava o arroz embrulhando-o em folhas ou tubos de bambu.
 O alimento dos exércitos de samurais, em épocas mais recentes consistia normalmente de arroz cozido numa panela, bonito, seco e rapado, várias espécies de peixe seco e salgado, alga marinha e às vezes legumes secos, miso (pasta salgada de feijão), 'umeboshi' (ameixa posta em salmoura e seca), era muito apreciada pelos guerreiros, principalmente no verão, porque fornecia sal e possuía algum valor terapêutico.
 Do século XIV em diante, o arroz tornou-se o principal alimento dos samurais e lavradores e se reconheceu que a dieta diária de um homem deveria ter cinco 'gô' (cerca de 900 gramas) desse cereal descascado.

Matéria Original:
Animê Pro
Nartiis

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